19 de dezembro de 2009

Entrevista Exclusiva: Kimi para a Revista Autosport - Tradução










** Favor dar devido crédito com link para o nosso blog quem copiar. Traduções dão trabalho, é só o que pedimos **

Parece que o desertor da Fórmula 1 Kimi Räikkönen vai gostar da vida no WRC. Adam Cooper cava um pouco mais fundo

Kimi Räikkönen nunca ligou muito para a bagagem que vem com ser um piloto de Grand Prix: as entrevistas, as coletivas de imprensa e os vários compromissos de relações públicas.
Durante cinco anos na McLaren e outros três na Ferrari, ele caminhou na corda bamba do politicamente correto, preferindo não dizer muito a sair galopando sons que possam voltar para assombrá-lo.
Até certo ponto, ele tem conseguido se esconder debaixo da persona pública "Iceman" (Homem de Gelo), e isto é conveniente para ele. Conheça ele socialmente e verá que um Kimi muito diferente aparece. Fora de seu trabalho, com seus amigos - e este grupo inclui vários companheiros pilotos de Grand Prix - ele é uma pessoa gregária e festiva, alguém que tem muito a dizer.
Agora ele está embarcando em um novo capítulo em sua carreira, e criando um pouco de história enquanto o faz. Ao virar as costas para a F1 para correr em uma agenda (quase) completa no Campeonato Mundial de Rali de 2010, ele está trilhando um caminho nunca antes trilhado.
Ainda haverão coisas a fazer para a Citroën e sua patrocinadora, a Red Bull, e inevitavelmente ele será um ponto de foco para a mídia e o público, mas ele está esperando aproveitar mais a vida no WRC tanto dentro como fora do carro.

"É tudo muito bem feito e muito relaxante," ele diz. "Há muito, muito menos politicagem e bobagem. Na F1 você não vê tanto as pessoas irem às outras equipes e conversarem, mas lá [no WRC] é muito mais aberto. É simplesmente um sentimento melhor.
"Você pode dizer mais ou menos o que você quer lá. Na F1, se você diz algo errado, com certeza você tem que aguentar um monte de merda. Lá é muito mais relaxante. No fim, a F1 poderia aprender bastante do rali..."

A mudança de Kimi para o WRC é algo que ninguém poderia ter previsto nesta época do ano passado, quando ele estava se preparando para sua primeira experiência no Rali do Ártico, de menor importância. Era, pensávamos, apenas um pouco de diversão de inverno para alguém que foi criado em um país onde dirigir na neve é natural.
Contudo, mais dois eventos exploratórios com seu Abarth Grande Punto, incluindo um no asfalto na Itália, o levaram para uma estreia espetacular no WRC na Finlândia no verão. Seu fim-de-semana terminou nas árvores, mas no percurso ele provou que tinha algo a fazer ali.

"Sempre fui um grande fã de rali," ele explica. "Queria tentar e ver o que acontecia, e quando eu tentei neste ano eu gostei. Também senti que era uma boa ajuda quando eu estava correndo. Mesmo se é um tipo diferente de pilotagem ainda ajuda mesmo na F1 para mim. Pelo menos eu achava que era uma boa ajuda.
"Quero dizer, você tem que ser muito preciso no rali, e especialmente quando tem neve e há apenas uma pista. Se você for um pouquinho fora do traçado você vai parar na neve solta, e daí você sai facilmente.
"Há muitas coisas que você precisa fazer, e você precisa fazer um grande esforço para escutar as anotações. Há muitas outras coisas acontecendo no rali, coisas diferentes que podem mudar tudo, diferente da F1.
"É engraçado, porque você pode facilmente colocar muito esforço na pilotagem, e nada em escutar as anotações. É a coisa mais difícil de fazer em primeiro lugar, fazer as anotações e depois ouvi-las. Para nós da F1, ou de qualquer outro tipo de corridas onde não há um co-piloto, você só precisa colocar todo o seu esforço na pilotagem.
"Mas agora você precisa escutar muito, e isso leva tempo para se acostumar. É o maior problema, realmente. A pilotagem é difícil em alguns lugares, mas se você fizer as anotações certas e ouvi-las logo então com certeza a pilotagem vai ser boa."

Ainda parece extraordinário que um campeão mundial de Fórmula 1 tenha feito uma mudança de carreira tão dramática. Até alguns meses atrás, até Kimi tinha todas as razões para acreditar que ele estaria pilotando para a Ferrari pela quarta temporada em 2010.

"É, senão eu não teria feito um contrato," ele admite. "Mas se eles querem que você saia, não faz sentido ficar. Quero dizer, se alguém quer que você vá embora, você provavelmente não vai gostar muito do ano que se segue..."

Os boatos no paddock sugeriam que ele estava de saída para dar espaço para Fernando Alonso muito antes de ele ter tido qualquer discussão formal com a gerência sobre sua posição.

"Você ouve falar bastante sobre coisas assim. Não é como se viesse do nada... você ouve falar. Ninguém fala, mas você sente das pessoas quando você pergunta se eles estão de sacanagem ou não. Quero dizer, isso é a vida. Na F1 não é a primeira vez, e não vai ser a última. Sempre pode acontecer."

Certamente, havia um toque de "tudo que vai, volta". As circunstâncias eram um pouco diferentes, mas a aposentadoria de Michael Schumacher no final de 2006, foi, até certo ponto, forçada a ele pela iminente chegada de Räikkönen. Isto indicava o quanto Kimi era almejado por Maranello naquele momento.
E ainda assim, apenas três anos mais tarde, ao finlandês foi mostrado gentilmente a porta, apesar de compensação substanciosa para facilitar sua passagem. A equipe simplesmente se desapaixonou por ele?

"Você tem que perguntar a eles, eu não sei!" ele diz. "Você tem que perguntar às pessoas que tomam essas decisões. Eu não estou interessado no fim no porquê ou quando. Tenho quase certeza que eu sei a resposta, e não tem nada a ver com a pilotagem ou com o que eu fiz lá.
"Acho que quando há dinheiro suficiente envolvido, você sempre pode mudar qualquer coisa! Acho que tem muito a ver com a chegada do Santander. Provavelmente eles fizeram algum acordo. Não sei..."

A gerência da Ferrari não demorou a apontar o óbvio - que Alonso traz o tipo de empurrão motivacional que Schumacher fazia no passado, sugerindo que Räikkönen deveria ter feito o mesmo.

"Eu nem tentei. Eu disse já no primeiro diz que não estava tentando ser o Michael, eu vou fazer as coisas do meu jeito. Acho que eles sabiam disso, e eles não esperavam nada mais."

O que a Ferrari conseguiu foram resultados. Em 2007, Kimi teve uma temporada quase sem falhas e tirou o título dos pilotos da McLaren. No ano passado, ele foi estigmatizado pela falta de confiabilidade do carro e um setup que ele não gostava, e Felipe Massa recebeu a atenção. Em 2009, a Ferrari não deu a nenhum dos dois as ferramentas certas, mas Kimi se sobressaiu contra seu companheiro de equipe, o batendo para chegar em terceiro em Mônaco.

"Eu estou feliz com a forma que eu estive pilotando. Se você comparar com o ano passado, estou muito mais feliz, mas este ano nós não tínhamos o carro. É uma certa mudança, mas de qualquer forma, o que você pode fazer? Se você não tem, você não tem."

Na segunda metade do ano, com Felipe de lado, Kimi ficou mais próximo da frente. Ele foi segundo na Hungria, terceiro em Valência e Monza, e conseguiu uma vitória oportunista naquela tarde estranha em Spa.

"Depois de uma temporada como essa, foi bom ter vencido, e saber que foi com um carro que não é o mais rápido te dá um sentimento melhor do que você provavelmente teria se tem o melhor carro e vence. Quero dizer, é dez vezes mais fácil. Mas mesmo sem a vitória, a última parte da temporada foi boa."

No final, ele terminou em sexto no campeonato de pilotos, um ponto atrás de Lewis Hamilton. Nas últimas corridas, a equipe ficou sem vapor, pagando o preço por ter descartado o desenvolvimento do F60. Kimi sabia então que ele não estaria pilotando em 2010, e estava levando o golpe para que Alonso colhesse os benefícios.

"Eles têm motivos para isso," ele diz. "Algumas equipes fizeram diferente, como a McLaren, elas continuaram lutando e melhoraram o carro, mas a Ferrari decidiu concentrar todos seus esforços para o ano que vem. Mas olhando para trás, poderíamos ter vencido muitas corridas se tivéssemos colocado todos os esforços no carro deste ano. É fácil dizer isso depois, mas eles provavelmente poderiam ter melhorado bastante o carro."

Pode ter terminado prematuramente, mas de qualquer forma ele tem boas lembranças de seu tempo em Maranello.

"Quero dizer, eu venci algumas corridas e venci o campeonato, então eu tive um bom período. É claro que há coisas no último ano que poderiam ter sido melhores, mas não foram. O que você pode fazer? Você sempre pode dar o seu melhor e algumas vezes você acaba não conseguindo o que quer. Eu ainda consegui o que eu sonhava na F1, então estou muito feliz. Eu me diverti."

Foi para a McLaren que assumimos que Kimi voltaria. Ele saiu em bons termos no final de 2006, e a porta permanecia aberta.

"Nós nunca tivemos um sentimento ruim. Eu simplesmente queria algo diferente naquela época, eu poderia ter ficado lá. Acho que foi a melhor maneira de sair, porque você nunca sabe o que vai acontecer no futuro."

Competir com Hamilton não era um problema: "Não teria sido um problema, e de qualquer forma eu conheço as pessoas na equipe, então não seria tão difícil ter ido para lá. É por isso que era minha principal opção, porque sempre leva algum tempo quando você vai para uma equipe nova, e com eles eu conheço os engenheiros e tal."

Mesmo assim, após semanas de especulação, foi Jenson Button, e não Kimi, que se tornou o companheiro de equipe de Hamilton.

"Eu poderia ter assinado com eles se eu quisesse, mas no fim não era 100 por cento o que eu queria. Não tinha muito a ver com o dinheiro na verdade, eram as outras coisas. Não é que eu não pudesse ter ido para lá, mas como eu disse, eu não tinna motivos para fazer um contrato com o qual eu não ficasse feliz."

O dinheiro foi parte da equação é claro - não é segredo que a compensação da Ferrari diminuiria substancialmente se ele tivesse escolhido correr em outra equipe em 2010.

"É, com certeza tem algo que diz que se eu corresse em outra equipe, eu receberia um pouco menos. E não faria sentido receber menos se pilotasse para alguém. Era uma situação complicada, mas no fim não foi o problema, o dinheiro, apesar de todo mundo pensar que foi. Não era o que eu queria."

Kimi brevemente se tornou um candidato para a vaga em aberto da Mercedes - Ross Brawn foi uma das pessoas que o trouxe para a Ferrari - mas ele já estava bem encaminhado para o WRC.

"Eu provavelmente poderia ter ido para lá. Não quis começar uma longa espera. Com certeza, poderíamos ter conseguido um contrato no fim, mas quando as coisas com a McLaren não aconteceram eu já tinha conversado com a Red Bull, então eu queria simplesmente ir para lá e ver o que acontece no rali. Talvez eu volte [para a F1] no ano que vem ou no outro ano. Ou talvez não..."

Ele é um pouco vago sobre seus planos a longo prazo, e insiste que ele não tem nenhum. Todo mundo somou dois mais dois e o colocou na Red Bull Racing em 2011, mas as coisas podem não ser assim tão óbvias.

"Eu não tenho nenhum contrato com a F1 ou qualquer outra coisa, então não tenho ideia do que vai acontecer. Tenho as duas opções, permanecer no rali ou tentar voltar à F1. Quero ver como vão as coisas, e só então decidir. Não estou com pressa para decidir. Se for bem no rali, eu posso continuar. Há muitos cenários diferentes. Neste momento é apenas por esse ano, tanto com a Red Bull como com a Citroën."

A agenda do WRC é bastante cheia, mas no momento ele está curtindo uma folga silenciosa, dividindo seu tempo entre a Suíça e a Finlândia. Ele não vai sentir falta da F1 em algum momento?

"Vamos ver!" ele ri. "Agora eu não sinto falta, mas é sempre a mesma coisa no inverno."

Fonte: Autosport
Tradução: Fran

Agradecimento: Anelise

3 comentários:

Anelise disse...

Que trabalhão hein minha amiga???? Mas ficou demais, adorei!!!!!!!!

Fran disse...

Que bom!! Já estou terminando a tradução da segunda, fiz enquanto via a novela, hehe! :p Já vou postar!!

Arleth Dantas disse...

Nusssa trabalhão mesmo, eu sei o quanto é chato traduzir... Parabénss gúrias!!