22 de junho de 2010

AutoSprint: dentro do mundo de Kimi

Entrevista exclusiva
Räikkönen sem segredos






Garotas empolgadas. Crianças barulhentas. E acima de tudo, desconfiança de homens de cinquenta anos. Todos eles estariam prontos para dar alguns empurrões ou cotoveladas ou em pisar nos dedos das pessoas ao seu lado se pudessem ao menos conseguir um autógrafo, ou mesmo tirar uma foto com ele. Ele mesmo, que tem medo da multidão. A vida é estranha. Kimi Räikkönen se retrai, se encolhe, se esconde quando está rodeado por uma massa humana que o persegue. É o preço que se paga pela notoriedade, pelo título vencido com a Ferrari e por ter dito não, um dia, aos GPs, para mudar para os menos famosos ralis. O único jeito de sobreviver nesta situação é se enclausurar nele mesmo, em seu próprio mundo. O mundo de Kimi.

Longe da multidão maluca

Mas não é tão impossível falar com ele. Você só precisa esperar pelo momento certo e estar nas condições que ele prefere. Quase como o animal selvagem que deixa você chegar perto quando você menos espera e apenas por alguns momentos. Então, Kimi sai da toca e vem brincar. Ele fala. Um longo tempo.

"A F1? Assisto na TV e não sinto falta. Bem, de pilotar, sim, é claro. Mas não de todo o resto. Não, obrigado. Penso nos ralis há anos. Sempre quis competir neles, num nível alto se possível. Eu não podia esperar mais, senão seria muito tarde. No final de 2009, as coisas com a Ferrari acabaram e não haviam condições de retornar à McLaren ou de ir a outra equipe de ponta. O momento de fazer o que eu sempre havia sonhado tinha chegado."

Então, adeus à F1, sem arrependimentos. Após nove temporadas, um título e 18 vitórias. Quem vai vencer o Campeonato neste ano?
"Um dos pilotos da Red Bull. Ou Hamilton."

E Schumacher, o que você acha?
"Foi sua própria escolha." (Ele diz enquanto sacode os ombros, deixando bem claro que Räikkönen não concorda...)

E Kimi? Ele vai voltar à F1?
"Vou tomar minha decisão com calma, em paz, sem pressões externas. Meu contrato no rali é só para 2010, mas não estou com pressa para decidir. Sem pressão."

Como você se sente seis meses após seu grande salto?
"Estou aprendendo. Cada vez é sempre nova para mim. O rali da Lanterna foi o décimo primeiro rali de minha nova vida, o primeiro no asfalto com um carro WRC. Eu aprendo a cada corrida, melhoro mais e mais, tentando entender cada segredo, cada detalhe."

Ele não diz, mas você tem que considerar que Räikkönen sempre tem que lutar contra competidores que conhecem os estágios de cor, e que ele, pelo contrário, os vê pela primeira vez. Então, tanto no Campeonato como no Lanterna, ele tem tido que lutar numa superfície quase desconhecida para ele - a nível de rali obviamente - contra pessoas que podem passar por estes estágios com olhos fechados. Alguns até mesmo moram lá, onde foi o rali, mas Kimi não fez feio, não mesmo. E isto considerando que na largada os estágios eram um pouco secos e um pouco úmidos, coisa que não é uma vantagem para um novato.

Mas você está satisfeito com o nível que você alcançou até agora? Você esperava mais ou esperava menos?
"Não, não estou satisfeito. Bem, não completamente. Na Turquia eu fui bem, pilotei como queria e o resultado final foi satisfatório. No México, se eu não houvesse saído, eu não estava indo mal. Mas em Portugal eu tive alguns problemas que eu não esperava. Podemos dizer que depende de cada rali. No Portugal, como na Jordânia, eu não gostei da minha pilotagem. No México e na Turquia, sim. A Suécia foi a primeira corrida, então..."

O que vem à sua cabeça quando você compara a F1 com o rali?
"Você não pode compará-los. A pilotagem é completamente diferente. O nível do rali é muito, muito alto. Se você colocar qualquer piloto de F1 numa corrida de WRC, ele vai se complicar. Exceto Kubica! Você pode aprender o circuito, mas no rali cada curva é diferente e é impossível lembrar de todas."

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Fonte: AutoSprint
Agradecimento: TaniaS
Tradução: Fran

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