Kimi Räikkönen adorou cada momento de sua estreia no WRC na Suécia - mesmo que ele tenha terminado na 29º colocação.
Por David Evans
São apenas cinco horas da tarde de sábado em Hagfors, centro da Suécia. O sol, com tudo o que vale em termos de temperatura, está começando a se esconder atrás das árvores. Faz menos 18 e a temperatura está caindo. Ainda falta uma hora para que o Campeão Mundial de F1 de 2007 chegue e os fãs já estão começando a chegar. Sessenta minutos de batidas de pés e chega Kimi Räikkönen. E vai. A interação com seu público foi limitada. Eles não se importam. Eles o viram. Agora eles precisam voltar a sentir seus pés novamente.
O nível de interesse no primeiro round de Räikkönen no WRC tem sido assombroso. Mas está ficando besta. O estacionamento de serviços da rodada de abertura do WRC na semana passada fica numa pista. Pistas não são geralmente locais de abrigo e esta, no centro da Suécia, é no meio de um de seus invernos mais frios. Mesmo assim, as pessoas vêm, elas ficam paradas ali e gritam. Mais de 300 ficaram gritando "Raaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiikkkkkkkooooooooonen, Kimi Räikkönen!" pelo que pareceram horas.
O barulho fica ainda maior quando ele emerge do motorhome para retornar ao C4. Ele dá a partida no carro, mas a nota do motor é inaudível para aqueles que estão além de meio metro de distância. Puxando seus fones de ouvido por cima de seu chapéu de pelos, ele pausa, sorri e acena. O lugar entra em erupção. Momentaneamente, o frio brutal é esquecido.
O frio não está perdido em Räikkönen. Como poderia estar quando ele passou uma boa meia hora escavando seu Citroën para fora da neve no estágio Viggen 2? Mas ele adora. Ele não enjoa. Ele sonhou com o Campeonato Mundial de Rali desde que era um menino. E agora ele está vivendo seu sonho. E, para um homem com uma experiência limitada do lado mais lamacento do automobilismo, ele está indo excepcionalmente bem. Exceto por aquele probleminha com o banco de neve.
Seu engenheiro, Cedriq Mazenq, já passou da fase 'É Kimi Räikkönen!" Mazenq tem um trabalho a fazer. Este pode ser o sonho de Räikkönen, mas também é sua realidade. E, se tudo correr bem, pode ser seu futuro. É aí que entra o engenheiro: ele precisa ajudar a tornar isso possível.
Duro com o macio
Mazenq já descobriu como a equipe pode ajudar Räikkönen. De forma previsível para um piloto de corrida, as entradas nas curvas do finlandês de 30 anos devem ser mais macias em vez de perturbar o equilíbrio do carro e lançá-lo numa escorregada. Mas aqui na Suécia, é isto que é necessário.
"O estilo de pilotagem de Kimi é um pouco diferente dos outros pilotos de rali no momento," diz Mazenq, "particularmente na forma que ele entra na curva. Kimi entra mais gentilmente; ele é mais macio com a direção. Seb [Loeb] entra o carro na curva de forma mais violenta. É melhor ser mais agressivo na entrada da curva, porque dá menos understeer [definição em português aqui] na traseira do que na dianteira do carro e então é só manter as rodas dianteiras numa linha reta para fazer a melhor tração possível."
O próprio Räikkönen não hesita e é franco em sua autoavaliação de seus esforços. "Oitenta por cento deve vir de mim, só 20 do carro," ele diz. "Não estou modificando muito o carro no momento, não tem por quê. Estou ouvindo o engenheiro - ele conhece o carro e eu vou fazer o que ele me disser."
Este é apenas o sexto rali da vida de Räikkönen - e ele já foi um visitante regular dentro dos tempos dos 10 melhores nos estágios, e fez o sexto mais rápido em um dos estágios suecos. E a boa notícia para ele é que as coisas não vão ficar piores do que isso.
Mazenq continua: "O rali de neve não é tão fácil. Aqui temos barrancos profundos e não há consistência. É difícil de ter feedback do carro porque a superfície muda tanto entre a primeira e a segunda passada pelos estágios."
Uma das principais áreas que Räikkönen está trabalhando no carro é na audição. Tendo passado toda sua vida esportiva num carro de um só banco, ouvir conselhos sobre paa qual lado ir é algo completamente novo. E não está sendo fácil para ele.
O preparador físico de Räikkönen, Mark Arnall, o conhece bem. "Num carro de F1, quando o engenheiro vinha no rádio para falar enquanto Kimi estava pilotando, a não ser que fosse informação vital, ele diria, 'Ei, pare de falar e me deixe pilotar.' Aqui o co-piloto está sempre falando. É uma grande adaptação para ele."
Felizmente, o cara por trás da conversa é Kaj Lindström, um dos melhores da Finlândia, que passou dois anos guiando o Deus do rali, Tommi Makinen, pelas florestas. Mas Lindström terá seu trabalho diminuído a fazer Räikkönen parar de divagar das notas e pilotar com sua visão, um problema totalmente comum para pilotos que chegam no rali. Alternativamente, pilotos de rali sofrem o efeito contrário; uma história famosa é a de Colin McRae, que ligou o rádio não muito depois de seu primeiro stint pilotando uma Ferrari 550 em Le Mans para perguntar se havia alguém na escuta.
Outro elemento do WRC que Räikkönen pode ser perdoado em levar um tempo para se ajustar é sua nova agenda. Os dias de tirar uma soneca entre o treino e a classificação ou entre o aquecimento e a corrida acabaram. Na Suécia, Räikkönen acordou muito antes do nascer do sol e não voltou à cama por 17 ou 18 horas.
"Kimi não é o melhor nas manhãs," diz Arnall. "Na F1, acordar não era algo que ele curtia particularmente. Agora ele acorda às 05:30, leva o carro até o parc fermé, até o serviço, até os estágios, de volta ao serviço por 30 minutos para comer e receber uma massagem, e depois volta por quatro ou cinco horas. Ele agora tem que se concentrar por períodos muito mais longos. Cada rali é como pilotar no GP de Mônaco: você fica muito perto das árvores o tempo todo. Em outros circuitos na F1, se você sai da pista, você pode sair bastante, voltar para a garagem, arrumar o carro, fazer um polimento e logo sair de novo. Aqui não."
Com o evento se aproximando do fim, estamos de volta ao estacionamento de serviços da Citroën. Lindström está olhando para a multidão que se espalha a apenas alguns passos. Räikkönen aparece e imediatamente os flashes disparam.
"Bem-vindo ao aquário do peixe dourado," diz Lindström com um sorriso.
Isto é o que acontece quando o mundo de Kimi colide com o Campeonato Mundial de Rali.
[Nota: Peço desculpas porque a tradução pode ter algumas falhas próximas ao assunto de 'understeer' graças à pessoa que escaneou ou cortou a página, ficaram faltando algumas linhas...]
Se alguém quiser utilizar a tradução, por favor, fique à vontade, só por favor não esqueçam de dar crédito pois dá trabalho...
Fonte: Autosport
Agradecimentos: YiNing @KRS Forum, Anelise
Tradução: Fran
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