O Buddh International Circuit, localizado em Noida, cidade-satélite de Nova Dhéli, custou o equivalente a mais de R$ 600 millhões
Construído no meio do nada, em uma área localizada a cerca de 50 km da capital Nova Délhi, o Buddh International Circuit, autódromo que recebe neste domingo o inédito GP da Índia, possui uma história obscura. Segundo o jornal espanhol El País, sobre o terreno onde foi erguido se localizava uma aldeia com 6 mil habitantes, o que explicaria o fato de uma família inteira ter sido encontrada dentro da motorhome da Williams quando da chegada da equipe ao local.
Para desapropriar do terreno tantas pessoas, que viviam em moradias que lembram as favelas brasileiras, o Governo do país se utilizou de uma antiga lei, estabelecida ainda na época em que era colônia britânica. Nela, existe o direito governamental de tomar para si qualquer espaço voltado para o "bem comum" sem o consentimento dos proprietários.
Apontando o terreno onde possuía sua residência, hoje parte do autódromo, Ravinder Nagar afirmou ter recebido 675 rúpias (pouco mais de R$ 20) por metro quadrado, valor, segundo ele, muito inferior ao do mercado. E seu caso é só mais um entre tantos de Atta Gujaran, nome da aldeia sobre a qual foi feito o circuito.
"Ao nos tirar das terras, o Governo disse que traria a indústria para cá, dando-nos a esperança de arrumar um emprego", contou o camponês Javgir Sharma, que, como tantos em sua posição, tem rendimentos médios que variam entre R$ 200 e 300 mensais - enquanto o trabalhador comum indiano recebe cerca de R$ 350 no mesmo período. "Mas não é verdade. Ficamos sem qualquer forma de ganhar a vida. Não temos mais fonte de dinheiro".
Distantes de qualquer contato com a cultura ocidental, muitos dos habitantes da aldeia e suas proximidades nunca haviam ouvido falar em Fórmula 1. E, mesmo que quisessem assistir a corrida, não teriam muitas oportunidades, uma vez que o ingresso mais barato para acompanhá-la das arquibancadas não sai por menos de R$ 95.
Fonte: Terra
29 de outubro de 2011
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